APEM no IV CONGRESSO DA ORDEM DOS ENFERMEIROS
Decorreu entre os dias 10 e 12 de Maio último, o IV Congresso da Ordem dos Enfermeiros, no Centro de Congressos em Lisboa.
Mais uma vez, constituiu um espaço valiosíssimo de partilha de experiencias e realidades do exercício de profissão de Enfermagem, muitas vezes completamente distintas entre si. Foram três dias extremamente cativantes, onde não faltou o são convívio entre colegas enfermeiros de todos os cantos do mundo.
Pudemos assistir à apresentação de trabalhos científicos, das mais variadas áreas, incluindo a Enfermagem militar que cada vez mais justifica o seu reconhecimento pela especificidade própria que queremos de qualidade.
Hoje, penso que é consensual o reconhecimento, da especificidade da Enfermagem Militar, independentemente da sua área de atuação. A prestação de cuidados de Enfermagem em meio militar, nas suas mais variadas vertentes, ou seja: hospitalar , ocupacional e operacional, implica além do domínio dos conhecimentos gerais e transversais de enfermagem, toda uma série de saberes específicos e competências próprias ao exercício e à condição militar.
Neste contexto, o enfermeiro militar, além de procurar, de uma forma permanente, apresentar e manter um certo nível de preparação física, porque as suas condições de trabalho muitas vezes assim o exigem, a sua prestação de cuidados é também em si muito específica, porque muitas vezes exercida nos limites físicos, psicológicos e éticos.
Como exemplos dessas condições de atuação temos a prestação de cuidados no interior dum submarino, em ambiente de pressão radiação e ruído diferenciado; numa aeronave submetido a outro tipo de pressão, radiação e ruído, no interior de um carro de combate, num navio de superfície, numa câmara hiperbárica , numa câmara hipobárica, num hospital de campanha em qualquer teatro de guerra, catástrofe ou missão internacional de paz, ou ainda, num hospital militar. Mais ainda do que o contexto de atuação, muitas vezes, prestando cuidados a patologias decorrentes da própria atividade militar em que se insere.
Assim, é fácil compreender que, a prestação de cuidados de enfermagem em meio militar, obriga a que, tenhamos que adquirir qualificação e formação, também ela muito específica ou diferenciada e permanente, para que os nossos cuidados atinjam o elevado nível de qualidade e prontidão para responder às necessidades da instituição militar.
Estando também subordinado, não só ao Código Deontológico, mas igualmente às Leis e Regulamentos Militares, bem como aos Tratados Internacionais, em vigor ratificados por Portugal, particularmente a Convenção de Genebra; o Enfermeiro Militar, em teatro de guerra, pode ter que usar uma arma, para se defender a si próprio ou aos doentes e feridos.
Finalmente, recordo o que a APEM, no Manifesto da sua fundação em 1996, definiu como Enfermagem Militar e a importância e pertinência dessa concetualização:
A Ação dos enfermeiros no contexto duma instituição, com uma história e especificidade próprias, mas que não se separa da Enfermagem em geral, antes a enriquece através dos contributos duma sensibilidade, ação e experiência específicas do exercício no contexto militar.
Persistir é vencer… e nós vencemos.
José Augusto Ribeirinho Bizarro
Presidente da APEM