O Conselho Federal de Enfermagem - Cofen, irá realizar o 1º Seminário Nacional dos Profissionais de Enfermagem Militar do Cofen, que acontece nos dias 18 e 19 de setembro, no Rio de Janeiro, no Hotel Royal Tulip São Conrado.
A APEM estará representada pelo seu Presidente - Enfermeiro Jorge Pires, a convite do Cofen como palestrante.
O encontro debaterá a construção de legislações e resoluções diferenciadas para as instituições militares e seus profissionais, dentre outros assuntos importantes para a área.
O programa poderá ser consultado aqui.
A APEM deseja a todos os seus associados e amigos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!
Vivemos um momento muito especial na nossa história enquanto sociedade. Há muito tempo que o mundo não era confrontado com um desafio de saúde da magnitude desta pandemia de COVID-19. Os números que nos são apresentados diariamente não param de crescer, de nos surpreender e, porque não dizê-lo, de nos assustar. Trata-se de um vírus que necessita ainda de muito estudo para ser totalmente compreendido e da ajuda de todos os cidadãos para ser contido.
No nosso país foi decretado pela primeira vez desde o período pós-revolucionário um estado de emergência nacional, medida de exceção que acarreta na sua génese a suspensão de direitos de liberdade individual. Esta medida foi tomada com o intuito de ajudar a combater o surto de uma doença cujas consequências não podemos prever na totalidade nesta altura mas que, certamente, serão graves e deixarão marcas duradouras na nossa sociedade. Essas marcas serão visíveis ao nível da economia, da educação, da elementar forma como vemos a convivência entre nós, mas essas serão análises que teremos de fazer no rescaldo da crise. Neste momento, a prioridade é a saúde pública.
No momento em que a sociedade se reorganiza para combater esta ameaça e no primeiro dia útil após o decreto do estado de emergência, dia em que os primeiros profissionais de saúde da Marinha na situação de Reserva se apresentaram no Hospital das Forças Armadas para serem reintegrados e ajudarem neste combate, a Associação Portuguesa de Enfermagem Militar não poderia deixar de mostrar o seu reconhecimento. Queremos expressar aqui o reconhecimento a todos os profissionais de saúde, civis e militares, que se encontram neste momento na linha da frente de prestação de cuidados aos doentes infetados com COVID-19 enquanto continuam a assegurar simultaneamente a assistência a todos os outros doentes que padecem de outras patologias, pois essas necessidades não desapareceram. Reconhecimento também a todos os profissionais cuja função obriga a que estejam na rua em constante exposição, em detrimento de em casa junto das suas famílias. Forças de segurança, militares, funcionários públicos e privados das mais diversas áreas, do comércio ao transporte, das telecomunicações à assistência social, aos serviços mais básicos e essenciais que possibilitam uma réstia de vida normal a quem está em isolamento social e quarentena. Sabemos os sacrifícios que fazem em altura de exceção como esta. Não é fácil...
Sendo uma associação de Enfermagem, é de elementar justiça que ressalvemos o papel e a atuação dos nossos elementos. Aos enfermeiros civis, espinha dorsal do nosso sistema de saúde, que suportarão certamente o grosso do impacto desta crise de saúde pública, fica o nosso voto de apoio e agradecimento. Grandes necessidades requerem grandes profissionais e, nesse aspeto, sabemos que estamos garantidos. É certo que as dificuldades serão muitas, da falta de meios às infraestruturas obsoletas, da falta de pessoal à afluência expectável de vítimas. Fica o voto de força e o pedido que continuem a fazer durante este período o magnífico trabalho que já fazem habitualmente. Fica também o desejo, utópico talvez, que após este momento triste vos seja reconhecido o valor do trabalho feito, para que os enfermeiros se assumam definitivamente como imprescindíveis não só no sistema de saúde como na sociedade.
Aos enfermeiros militares fica aquela saudação especial. Os planos estão feitos e aguardam-se as ordens. Como sempre, sem alaridos, com a disponibilidade e a prontidão que nos caracterizam, estamos prontos para responder às necessidades servindo o País em mais um momento crítico. Um inimigo diferente, mas guerra é guerra.
Aos enfermeiros militares e civis, juntos, todos, um obrigado pelo vosso esforço!
José Vilhena
Presidente da Direção
No próximo dia 19 de Novembro de 2016, a APEM realizará no Real Palácio Hotel em Lisboa, pelas 20 horas, o Jantar Comemorativo da Conclusão dos 1ºs Cursos de Transição a Oficial para Enfermeiros das Forças Armadas Portuguesas.
O jantar será precedido do Colóquio "ENFERMAGEM MILITAR: CONSIDERAÇÕES DO PRESENTE E DO FUTURO", a partir das 14h30m, no auditório do Real Palácio Hotel.
A entrada no Colóquio é gratuita.
Face à recente notícia de terem sido constituídos arguidos dois enfermeiros militares no processo de investigação ao 127º Curso de Comandos do Exército, queremos expressar a nossa solidariedade aos enfermeiros envolvidos, a confiança no nosso sistema judicial e acima de tudo a convicção de que será feita justiça.
Não podendo nem devendo pronunciar-nos sobre os factos de que não temos conhecimento, assumimos que a análise da atuação da enfermagem militar tem sido objeto desta associação desde a sua criação em 1996.
É essencial assinalar que a enfermagem militar se diferencia da enfermagem civil pelo contexto em que a atuação do enfermeiro é exercida e pelo seu estatuto militar. O enfermeiro militar, para além de sujeito a todas as determinações inerentes à sua função de enfermeiro, encontra-se também sujeito à sua dupla condição de militar. A conjugação destas duas realidades pode originar questões de ordem ética no desempenho profissional.
Esta exigência produz a necessidade de competências e qualificações, com formação, treino e adestramento contínuo de aptidões e capacidades transversais às três áreas de prestação de cuidados de enfermagem militar: operacional, ocupacional e hospitalar.
Produziu esta associação, em 2014, um contributo para o grupo de trabalho nomeado pelo anterior Bastonário da Ordem dos Enfermeiros com o objetivo de definição das competências do enfermeiro militar, com vista à regulação da enfermagem militar onde defendíamos que:
a) a existência de um sistema de saúde militar envolve o planeamento dos respetivos meios, tanto materiais como humanos, por forma a permitir o pleno desenvolvimento das suas atribuições segundo uma doutrina consensual e generalizada das componentes operacional, hospitalar e ocupacional;
b) a Enfermagem integra este sistema, em todas as suas componentes, revelando um carácter técnico-profissional pleno de sentido perante a especificidade que o contexto em que exerce exige;
c) devido à sua condição de militar, os enfermeiros militares devem estar habilitados a prestar cuidados em qualquer tipo de área no contexto militar, podendo desempenhar funções, nomeadamente num hospital, numa unidade militar, a bordo de um navio, submarino, aeronave ou num qualquer país a milhares de quilómetros do território nacional.
Colocada agora a questão na componente operacional: as circunstâncias envolventes, o tipo de lesões, a gravidade das mesmas e os recursos disponíveis são bastante diferentes do cenário típico civil, o que exige aos profissionais de Saúde Militar a capacidade de reação e atuação imediata no sentido de preservar a vida das vítimas em ambiente tático/militar, fundando a necessidade de uma doutrina que oriente a formação de acordo com conceitos de Saúde Militar de forma consensual e generalizada.
A formação especializada em Saúde Militar fundamenta os procedimentos dos profissionais mas, sem dúvida, a pedra basilar é dotar TODOS os operacionais dos recursos e competências para a primeira assistência no terreno, seja a si próprio ou aos seus camaradas, já que a grande probabilidade é que o elemento mais próximo de eventuais vitimas, seja um combatente e não um enfermeiro ou médico. Esta é a doutrina preconizada pela NATO nas suas diversas STANAGS de saúde.
A atuação operacional deverá traduzir este conceito, trazendo a vítima do ponto de lesão para os cuidados mais diferenciados, de forma sequencial. Isto implica formação TÁTICO-MILITAR necessária para o desempenho no terreno. O enfermeiro militar acumula a formação militar e profissional para que não seja um perigo para ele próprio ou para a força na qual está inserido, acrescentando ao juramento como militar de defender a Pátria mesmo com o sacrifício da própria vida, o compromisso e a responsabilidade de salvar a vida de outros, como enfermeiro.
Jorge Ribeiro Pires
Presidente da Direção